Sunday, January 15, 2006

La Suma de Todos

Escreverei em português, porque me diz respeito como portuguesa e como cidadã. E escrevo porque me faz sentir mais pequenina bem cá dentro, no âmago da minha identidade, e porque me entristece como emigrante.

A mentalidade do “Futuro? Oh filha, cá se vai andando” é sintoma e reflexo do mecanismo de defesa que o nosso organismo cultural identitário (palavra acabadinha de inventar) criou e mantém bem vivo across generations. Mas se já é triste que o façamos como cães de Pavlov, reagindo imediatamente à perspectiva de uma opção (qualquer que seja) optimista, quão mais triste será fazê-lo, com razão?

Fazendo jus ao meu mindframe de “ a melhor maneira de gerar mudança é mostrar o exemplo, i.e, show the way” mudo o chip do negativismo e passo a falar do que me fez falar do tema.

Falo do sistema espanhol. Ao largo da experiência vivida nos últimos 11 meses, deu para perceber e comparar a situação social/económica/cultural…e é estranho. Porque não é algo que se pode traduzir em estatísticas. Dizer que o desemprego em Espanha diminui (10,5% a 8,5%) e em Portugal aumenta (7% a 7,5%), dizer que o rendimento bruto nacional em Espanha no último trismestre foi 17x maior que o Português, dizer que se marca uma consulta no centro público para o próprio dia e se é atendido pontualmente…traduz números estatísticos quiçá interessantes mas não conta a história. Não da forma que eu a vejo.

O que ultrapassa esses números, traduzindo toda essa realidade estrutural de percentagens e comparações num sentimento de verdadeira evolução, é quando começa uma preocupação com o cidadão – o último elo da cadeia e tipicamente o que fica em infinitésima prioridade na escala do investimento estatal. A Comunidade de Madrid (nota: love o logo “Madrid a Soma de Todos”), tem investido numa série de campanhas institucionais (which I'm trying to get hold of) contra o tabaco, contra o álcool, que incentivam a 3ª idade(!) a todo o tipo de actividades, incentivam ao turismo de consumo interno, incentivam à aceitação de minorias…para citar alguns exemplos. Hipocrisias aparte, sei que muito disto a) resultado de um crescimento económico folgado que permite gastos não estrututais e b) é dinheiro por detrás de relações públicas. Still, passa uma mensagem que não consigo ignorar. Afinal, por muito que seja relações publicas, não é um traço que defina os governos actuais, e se, no final a mensagem passar, a falsa intenção torna-se verdadeira realidade.

Have a nice week!

1 Comments:

Blogger Nuno said...

Cara Colega:

Não queria pressionar a Colega, mas parece-me que a Colega podia escrever um bocadinho mais para grande alegria da sua prestigiada audiência, Colega.
Perdoe a impaciencia, mas tenho pouco que fazer...;)

12:15 AM  

Post a Comment

<< Home